Eu tive umas amizades destrutivas durante a minha vida. O problema desse tipo de relacionamento é o grau de tolerância muito alto entre as pessoas. Por exemplo, você está com a Fulana e a Beltrana passeando, quando todas começam a falar mal da Cicrana. A Cicrana chega, você fala mal da Pessoa X, que falou mal da Fulana e da Beltrana há dois dias atrás. Um dia, todas se encontram, brigam e o círculo não rompe: no próximo final de semana, estão todas juntas novamente, fazendo o que mais gostam, que é falar mal umas das outras e se chamando de "amiga". Aliás, tem coisa mais ODIOSA que alguém que te chama de "amiga"?
Muitas vezes, romper esse círculo vicioso é difícil, porque umas pessoas gostam mais ou menos das outras, todo mundo anda junto e quanto mais o tempo passa, mais difícil é de quebrar o vínculo. Se são seus amigos de infância, amigos da faculdade, do trabalho, ou qualquer lugar que a frequência de encontros é alta, cada vez mais você se enxerga tendo que fazer uma série de atividades com gente desagradável, mas que continuam dizendo que são seus amigos, então vá lá, você aceita a condição.
Faz um tempo que eu decidi romper com algumas amizades que não me acrescentavam. Mantenho distância regulamentar - converso, dou "oi, tudo bem" , mas não convido para ir tomar chopp ou passar na minha casa. O corte não é claro, nem quero fazer um grande escândalo sobre isso, mas acredito que ainda haja bom senso para essas pessoas e que no fundo elas sabem porque eu nunca mais liguei de volta.
Quando você toma essa decisão, o mais difícil é assumir o papel de Filha da Puta. Exige um exame de consciência pesadíssimo, mas você passa a entender que uma relação desgastada é desgastada e pronto. Não tem volta, você se magoou e não dá para agradar todo mundo. Fato: eles vão falar mal de você igual. Você era um FDP antes, quando era amigo deles; continua sendo um FDP, agora que não é mais.
Esses rompimentos me trouxeram liberdade para decidir com quem eu quero andar: meu círculo de amizades é menor, mas muito mais prazeroso. Eu tenho andado com gente que não me condena por ser quem eu sou, que entende que eu tenho sono às duas da manhã, que deixa eu ficar bêbada e louca sem botar o dedo na minha cara. Gente que não compete comigo, que fica feliz pelo simples fato de eu estar feliz, que sabe que ninguém é obrigado a rir das minhas piadas e nem gostar da comida que eu faço. Meus amigos mais legais dizem que a minha torta de limão podia ter ficado melhor, que o suco de banana que eu fiz ficou uma merda e que, mesmo assim, frequentam a minha casa sem olhar se o banheiro está sujo ou limpo. Meus amigos são gente de verdade, de carne e osso e sentimentos e tanto faz uma série de coisas, porque eu sou legal com eles, eles são legais comigo e se abstém de falar mal de mim quando não estou por perto. Isso é o que importa em qualquer relacionamento: lealdade.
Eu estou me sentindo feliz e completa, por ter a minha volta gente que eu amo e gente que me ama sinceramente. É um estágio de maturidade que tem altos e baixos, mas que está sendo altamente construtivo. Eu só tive que olhar para dentro e me perguntar: "será que isso é bom de verdade para mim?"
Foi duro de fazer isso, mas resposta estava sempre lá.
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Por essas coisas, eu ando com pouca vontade de compartilhar. A internet é bacana, mas também pode ser pára-raio de maníacos, como aqueles IPs que apareciam mais de 50 vezes no contador, ou como a pessoa que pesquisou toda a sua vida antes de falar com você. Ando questionando se a minha relação com as comunidades virtuais são contrutivas, se tem me acrescentado algo legal, ou se é só uma conversa sozinha de louca.
Tem aqueles anônimos que te atacam porque nunca teriam coragem de te falar na cara o que pensam. Tem aqueles malucos que compram a sua história de vida que foi sempre sua, mas assumem isso como sendo deles. Tem o cara que acha que fez grande coisa na vida porque tem um vídeolog, um blog e tem lá seus tantos acessos por dia.
A gota d'água foram as cópias, prova que tem muita gente mal intecionada por aí e durante muito tempo eu fiz vistas grossas.
Falsos gurus e donos da verdade na internet existem às pencas. Talvez eu tenha me tornado alguma coisa assim e eu realmente nunca pensei que caberia nesse papel.
Outra vez eu tenho que perguntar se isso tudo é legal e me faz bem. Esses processos levam tempo, porque eu já criei uma relação de intimidade com a internet.
E se eu decidir que não fazem bem, paciência. Outras carla Gisele virão, outros gurus, outras pessoas bacanas na internet, que são bacanas ou não fora da internet, aparecerão. Tem uma vida lá fora, real e intensa, cheia de alegrias e frustrações, como tudo deve ser.
Desligue o computador e vá curtir o dia. Sua vida agradece.